sexta-feira, 23 de março de 2012

O Preço do Discipulado

Quando falamos em "preço", sabemos que se trata de um valor, um custo, uma quantidade a ser paga. Já o "discipulado" implica em aprendizado! Precisamos compreender que o discipulado requer um investimento do discípulo. Existe um preço para que se possa alcançar um aprendizado efetivo no reino de Deus. Existe um custo em ser discípulo do maior mestre de todos os tempos: Jesus Cristo! 

Em Lucas 9: 57-62, encontramos três pontos interessantes acerca do preço de um discipulado genuíno, vejamos:


Quando andavam pelo caminho, um homem lhe disse: "Eu te seguirei por onde quer que fores".
Jesus respondeu: "As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça".



A outro disse: "Siga-me". Mas o homem respondeu: "Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai". Jesus lhe disse: "Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos; você, porém, vá e proclame o Reino de Deus".


Ainda outro disse: "Vou seguir-te, Senhor, mas deixa-me primeiro voltar e me despedir da minha família". Jesus respondeu: "Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus". 



Cada verso nos reporta ao preço, ao custo, aos valores básicos que deverão ser investidos em um discipulado. Vejamos separadamente cada um deles:

1- O preço da "Instabilidade Física" - Quando o primeiro homem que se aproximou de Jesus expressou seu desejo de segui-lo, deixou exposta também sua disposição de segui-lo por qualquer lugar que Jesus fosse. Sendo assim, a resposta do Senhor revela que muito além de ir de um lugar para o outro, não havia a estabilidade de um lugar próprio. Jesus inicia o possível discipulado propondo a certeza de não ter lugar algum para "reclinar a cabeça". Mais difícil que compreender a realidade de João 3:8  (o vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito), era seguir alguém que não oferecia ou garantia um espaço físico seguro. 

A primeira lição do discipulado daquele homem, e também a lição que deve fazer parte do nosso aprendizado era:  Não basta estar disposto a mudar de lugar quantas vezes seja necessário, é preciso estar disposto a não ter um lugar algum! 

2- O preço de "Não enterrar os mortos" - Através do segundo homem, podemos reconhecer o propósito primordial do discipulado: A proclamação o reino de Deus! Jesus não condenou o sepultamento dos mortos, mas estava ensinando uma lição muito preciosa para todos quanto desejam segui-lo: Onde deve estar nosso investimento, nossos esforços! 

Sepultar o pai naquele momento iria esvair uma força, um esforço, um preço que iria desqualificá-lo como anunciador do reino, que iria fazê-lo falhar em sua missão. Como seguidores, como discípulos de Jesus, devemos atentar para esta coordenada do mestre: deixar os mortos enterrar os mortos! Onde temos investido os diversos recursos que temos? Onde temos despendido nossos esforços? 

Nosso maior investimento, nossos esforços, devem estar centralizados no propósito de Deus. Assim como enterrar o pai iria desfocar o rapaz, e investir e nos esforçar em "coisas mortas", irá nos desviar do plano, da missão do Senhor para nós! Precisamos deixar que aquilo que morreu seja enterrado por si só, e não despender nossas forças e habilidades buscando algo, um tempo que vivemos, ou até mesmo, pessoas que foram afastadas de nós por um motivo qualquer. 

Aceitar que algumas "coisas", ainda que tão importantes, agora fazem parte de um passado que deve ser deixado para trás, nos permitirá seguir em frente. Por mais dolorido que seja, precisamos virar a página e partir para o novo desafio, o cumprimento  do propósito pelo qual nos submetemos ao aprendizado: o estabelecimento do Reino de Deus!

3- O preço do "Desapego"- Desapego implica em desprendimento. A terceira pessoa que ansiava tornar-se um discípulo de Jesus, desejava também ter um pouco mais de tempo, uma ultima oportunidade de estar com seus familiares, com aqueles que lhes eram precisos. 

O coração desta terceira pessoa se revela divido entre o desejo de seguir ao mestre e fazer sua vontade, e o apego (ligação, agarramento, afeição, estar cativado) ao que era familiar, precioso. 

Uma das lições mais difíceis para alguns de nós será justamente esta:  O desapego (desprender, desgrudar, largar e até ser indiferente)! Deixar para trás o que morreu, desprender do que não existe mais, por mais doloroso que seja,  ainda é mais fácil. Porém, desprender, soltar, ser indiferente com aquilo que é precioso e ainda existe, requer renúncia, determinação e uma convicção inabalável que muito mais do que foi deixado para trás, nos será acrescentado adiante! 


As palavras com as quais Jesus encerra o assunto são duras, mas revelam uma grande realidade: "Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus". 
Enquanto não estivermos dispostos, prontos a pagar o preço tão elevado do discipulado, não estamos aptos (capazes, habilitados) para o Reino, para cumprir os propósitos! 




É humano e natural almejarmos estabilidade, um lugar, um espaço que é nosso.  Mas, ser discípulo é ter a certeza, a garantia de estar sempre ao lado do mestre, ainda que aparentemente, não se tenha lugar algum para repousar a cabeça, recursos para atingir os alvos, espaço para executar os projetos. 


Jesus nos prometeu preparar um "lugar"(João 14:2,3), e Deus tem lugares para ocuparmos na terra também, porém, nosso único espaço garantido, não está aqui, mas em nossa pátria celestial, no céu! E é por este motivo que devemos nos alegrar!



Podemos chorar, lamentar, expressar a dor de tantas perdas que temos pelo caminho, mas não podemos deixar que a dor nos paralise. Não podemos investir nossos esforços, despender nossas forças naquilo que Deus designou como parte do nosso passado! Nossas energias e  habilidades devem estar focadas em cumprir o propósito, a vontade de Deus para nós no tempo que se chama HOJE! Viver investindo no passado implica em débitos, dívidas com o futuro! 

É imprescindível que creiamos, que por mais belo e precioso que seja aquilo que tenhamos deixado para trás, não  poderá ser comparado com aquilo que Deus nos dará se seguirmos em frente! Devemos aprender a arte do desprendimento, pois este é o componente principal de um aprendizado efetivo! O desapego se torna menos doloroso enfrentado na perspectiva desta promessa:

"Em verdade vos digo que não há ninguém que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher ou filhos, ou terras, por causa de mim e do evangelho, que não receba cem vezes mais agora neste tempo… e no século vindouro a vida eterna" (Mar. 10:28-30).

Se desejamos ser aptos para o reino, devemos estar convictos desta verdade! Foi por existir um alto preço há ser pago que o chamado de Jesus era para quem quisesse segui-lo. As palavras dEle eram bastante esclarecedoras, e gostaria de encerrar com elas:


Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me. Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará. Marcos 8:34-35 



O perder na perspectiva do Reino sempre resulta em bons resultados, em um lucro permanente! Quando estamos dispostos a perder nossas vidas, estamos aptos ao reino, preparados para pagar o preço do discipulado!


Buscando estar apta para o Reino, Juliana!


Nenhum comentário:

Postar um comentário